sábado, setembro 30, 2006

Medo nos EUA

Continuando a reportagem do Globo Reporter

A prosperidade passou ao largo. Foi embora rio abaixo. Antigas mansões abandonadas e fábricas fechadas falam de um passado que não volta mais. Riverside, a dez minutos de Filadélfia, é uma cidade dormitório. De 8 mil habitantes, mais de 3 mil são brasileiros que foram em busca de tranqüilidade e aluguéis baratos. As poucas lojas do lugar exploram a saudade de um distante país tropical.
A população americana é branca, pobre, desempregada. Os jovens são punks, racistas e agressivos.
Riverside é um lugar que parou no tempo. A economia da cidade girava em torno de uma fábrica de relógios, que fechou. Nos últimos cinco anos, milhares de brasileiros foram morar em Riverside. Reergueram a economia da cidade e agora estão sendo perseguidos e forçados a ir embora.
A proprietária de um salão de beleza Aparecida Guedes, a Cida, está tendo que fechar o estabelecimento por falta de clientes. Vai perder tudo o que ganhou em anos de trabalho duro nos Estados Unidos. "Foi muita luta para chegar até aqui e me desfazer de tudo assim, à toa. Estou muito mal", conta Cida.
Para expulsar os brasileiros, Riverside adotou uma lei: multa de US$ 1 mil para quem dá emprego ou aluga residência a imigrantes sem documentos. Na maioria, os brasileiros entraram pelo México, não têm documentos americanos.
Suzanete Silva chegou de Mato Grosso há cinco anos e meio. Hoje tem uma pequena empresa no setor de limpeza doméstica. Mas tem que sair da casa onde mora.
"Para mim é insustentável, muito difícil. Mas se não tiver outro jeito... Quem está no Brasil não tem noção. A dor e a solidão são imensas. Você ganha dinheiro porque quer ir para o Brasil com estabilidade. Eu vim para ser dona de mim", diz a empresária.
Os imigrantes de Riverside foram à rua protestar e enfrentaram uma multidão de americanos enfurecidos, que pediam que fossem embora. Até a bandeira racista do sul dos Estados Unidos apareceu.
A jovem Andréia Rocha, que chegou do Rio para estudar, estava na manifestação. "Eles me vaiaram, me xingaram, me agrediram verbalmente. Eu me senti péssima. Não me sinto inferior, mas me sinto humilhada de certa forma. Porque eu estou aqui estudando, quero melhorar minha vida e tenho meus objetivos. Não estou aqui para ficar ouvindo desaforo de ninguém", desabafa Andréia.
O empresário americano David Verduin lidera uma coalizão de empresários americanos e brasileiros que entrou na Justiça contra a lei antiimigrante de Riverside. Ele morou 20 anos no Brasil e se considera brasileiro de coração. Também sofreu ao ver os brasileiros serem ofendidos.
"Nós ficamos chorando porque eu vi o ódio. Isso é triste, muito triste", diz David. O empresário acredita que a lei vai ser derrubada na Justiça.
Cerca de mil brasileiros já foram embora de Riverside. Mas a maioria ainda está na cidade. O goiano Sérgio Fallone abriu um restaurante há dois anos. Para ele, mais do que racismo, os americanos têm inveja dos brasileiros.
"Eles têm inveja da roupa que seus filhos vestem, do padrão de vida que você leva. Isso os incomoda. Eles não sabem o quão abençoados são de nascer num país desse. Porque a gente vem para cá sem falar a língua, sem saber nada, trabalha e ganha dinheiro. E hoje, na economia de Riverside, quem detém o poder econômico são os imigrantes", diz Sérgio.
O medo se espalhou por outras cidades, como Danbury, bem mais ao norte. Só neste ano, mais de 20 brasileiros já foram presos e deportados. A família do administrador de empresas Geraldo de Souza já foi acordada duas vezes por policiais batendo na porta, procurando outro brasileiro que morava no mesmo endereço.
"Eu passei uma semana sem dormir. Acordava entre 2h e 4h, pensando. Parecia que alguém ia bater na porta. Ou eu tirava isso ou ia embora para o Brasil. Mas o que eu ia fazer no Brasil? Imigrante ilegal aqui se sente inseguro todo o tempo", diz Geraldo.
O paraense João Rocha trabalha num centro católico e reza para não ser preso de novo como foi ao entrar no país. "Eu fui algemado pelos pés, braços e pela barriga. No terceiro dia, fui à Corte amarrado. Outras 40 pessoas foram amarradas junto comigo", lembra. João aconselha: "Não venha ilegal, porque quem vem ilegal sofre".
Há dois anos sem ver a mulher e as filhas, João sofre ainda mais com a saudade. "Neste mundo aqui, só restam carta e fotos.
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Humor - I dialed a number and got the following recording:
"I am not available right now, but thank you for caring enough to call. I am making some changes in my life. Please leave a message after the beep. If I do not return your call, you are one of the changes."

sexta-feira, setembro 29, 2006

Super-herói brasileiro num sonho americano

Reportagem do Globo Reporter de 22/09/06

Fim do dia numa pequena cidade brasileira. Na brincadeira e no sorriso das crianças, o sossego é apenas aparente. O medo está no olhar, na tristeza da fala.
"A notícia que temos é de que as pessoas estão sendo presas, eles estão mandando embora e até matando", conta a estudante Gislene Ferreira da Cruz.
Em Gonzaga, no leste de Minas Gerais, alerta geral para o cerco aos migrantes nos Estados Unidos.
"Há imigrantes que às vezes não estão legais, mas vivem lá há 20 anos e estão sendo expulsos. Isso é muito triste", comenta o comerciante Giovani da Silva.
O comportamento dos americanos mudou. "Eles ficaram mais agressivos e não gostam de imigrantes. Em Long Island, eles saíram com uma placa dizendo 'Fora imigrante'", conta o comerciante Cleidson de Araújo.
Entre tantos endereços do medo, a equipe do Globo Repórter começou a jornada pela casa da família Ferreira da Cruz. É à noite, quando todos se encontram para jantar, que fica mais evidente: à mesa está faltando um.
"A gente até sonha com ele voltando. Nossa! Eu tinha tanta vontade de que ele estivesse aqui", diz Gislene, filha do pedreiro Osvaldo, que leva vida de clandestino nos Estados Unidos.
"Papai fica mais dentro de casa. Ele não sai porque tem muito medo de vir embora", conta a jovem.
"Se ele for achado na rua de bobeira, eles vão pegá-lo. Está muito difícil lá", acrescenta a dona de casa Maria Mirtez da Cruz, mulher de Osvaldo.
Um ilegal em terra estrangeira. Mas, aos olhos da família, um herói como no sonho americano. Gislene e as irmãs dizem que é muito difícil ficar longe desse Super-Homem.
"Vai fazer dois anos que ele foi embora e nem pagou a dívida ainda, porque tem família para cuidar. A dívida é do dinheiro que ele pegou emprestado para poder ir", conta Maria.
"Não é só aqui na minha casa que isso acontece", diz Gislene.
Da janela, a dona de casa Maria Otoni de Menezes, mãe do brasileiro Jean Charles de Menezes, viu nas casas ao lado outros jovens deixarem o Brasil. Na pequena Gonzaga e nas cidades vizinhas, o mapa do maior pólo de emigração do país é resultado de um estudo inédito que acaba de ser concluído. A socióloga Sueli Siqueira fez a mais completa pesquisa já realizada sobre a região que exporta brasileiros desde a década de 60. Foram mais de 300 entrevistas no Brasil e em sete cidades americanas.
"Eles emigram para ganhar dinheiro e retornar. E o sucesso dos que vão e voltam instiga aqueles que residem nestas regiões a fazer o mesmo caminho", diz a pesquisadora.
Pelas ruas, pode-se ver: carros, prédios e casas são os troféus de quem conseguiu fazer a América.
"É uma casa que mostra exatamente isso. Ela tem toda uma arquitetura completamente diferente da arquitetura das outras casas", avalia Sueli.
As estimativas são de que cerca de 250 mil habitantes da região estejam hoje nos Estados Unidos. Lá, os brasileiros trabalham principalmente como babás (12,1%), empregados de limpeza (16,3%) ou na construção civil (27%). Mas as oportunidades estão diminuindo.
"Agora há interesse dos americanos em ocupar as vagas do mercado secundário ocupadas pelos brasileiros e que antes não os interessavam. O local onde eles conseguiam o maior número de empregos era exatamente na construção civil. Reduzida a construção civil, eles têm menos oferta e o valor da hora de trabalho cai", esclarece Sueli.
Menos emprego lá, menos dinheiro aqui. Novos prédios continuam sendo erguidos em várias cidades da região, mas o ritmo diminuiu.
"O reflexo imediato aqui é normalmente a diminuição de investimentos na cidade. Percebemos na contratação de mão-de-obra, na compra de material", diz Paulo Marcos Costa, da Associação dos Parentes e Amigos dos Emigrantes de Minas Gerais (Aspaemig).
Na Polícia Federal, outro termômetro de queda na emigração. Há um ano, o Globo Repórter registrou o grande número de pessoas interessadas em tirar um passaporte. A equipe voltou ao local e encontrou a fila bem menor. A média de passaportes emitidos por dia caiu de 200, em 2004, para 68, neste ano. A região corre o risco de uma crise, com a redução no fluxo de dólares enviados pelos migrantes.
Segundo a Aspaemig, 60% de toda a arrecadação da prefeitura de Governador Valadares vêm dos brasileiros que estão nos Estados Unidos. Resultado da cobrança de impostos sobre os investimentos que eles fazem na cidade, como os loteamentos, por exemplo.
Mas há outro preço, bem mais alto, que está sendo pago por milhares de famílias: para buscar os dólares lá fora, pai, mãe e filhos estão sendo obrigados a seguir caminhos diferentes.
Em Governador Valadares, ficou a socióloga Camila Faria Pereira. Os pais dela estão na América há seis anos. "Eu sempre imagino eles perto de mim", diz ela, para explicar a experiência de conhecer o dia-a-dia dos pais por foto.
Haja imaginação para não se sentir sozinha numa rotina de trabalho, ônibus e casa, sem os pais por perto. "Eu sei que não foi um abandono, mas como pessoa e filha, essa carência às vezes me faz ter essa sensação. Às vezes, me sinto revoltada e fico me perguntando por quê?", conta Camila.
Dor parecida com a da família Ferreira da Cruz, a do pai super-herói. Quem dera ele pudesse vir voando quando a saudade bate. Para a Maria, as conquistas do marido com esse sacrifício não valem a pena. "É muito difícil ficar longe da família um, dois até três anos", diz ela.
"Eu gostaria que ele estivesse na minha formatura no ano que vem. Mas acho que não vai ser possível", lamenta Gislene.
Não foi possível para os pais de Camila. Na formatura em Sociologia, no ano passado, eles não vieram. Já adiaram várias vezes o retorno.
"Meus pais justificam a ida deles há seis anos para pagar minha faculdade. Em alguns momentos, eu penso que não queria ter essa faculdade. Estou criando a expectativa de que ir também para os Estados Unidos pode dar certo", diz Camila.
Um reencontro que está sendo antecipado pelos que não resistiram aos novos tempos na América, como a escassez de emprego. Cleidson teve que comprar uma vaga de trabalho.
"Isso aconteceu comigo. O cara veio para o Brasil e vendeu seu trabalho para mim. Eu paguei US$ 300 pela vaga de emprego", conta.
Mas entre o bolso e o coração, Cleidson, que não estava no Brasil quando a filha nasceu, resolveu voltar. Agora o ganha pão está na venda de fraldas descartáveis que ele mesmo fabrica e na gravação de festas em vídeo. Nenhum centavo em dólar. E nem sombra de arrependimento.
"Eu preferi ficar aqui, mesmo tendo pouco trabalho e poucas coisas. Preferi vir para ficar com a minha família", diz Cleidson. "Eu me sinto realizado por ter vindo embora e ficar tranqüilo aqui".
"Se ele tivesse ficado lá uns dez anos, jamais poderia viver de novo os momentos que perdera da filha", diz a dona de casa Welma de Menezes, mulher de Cleidson.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Taxa Sevis

Hoje paguei a minha taxa Sevis, um dos requisitos para a obtenção do visto americano.

Para quem quer saber mais sobre essa taxa, e como paga-la, segue artigo retirado do site da YEP.


Muitos de vocês já estão sabendo que o órgão do governo norte-americano (Department of Homeland Security) implementou oficialmente uma nova taxa a ser paga por cada candidato a visto J-1 e F-1, chamada de SEVIS. Esta política entrou oficialmente em vigor a partir de 1° de setembro deste ano (2004).

O que é SEVIS?

SEVIS é a abreviatura de Student and Exchange Visitor Information System, que significa Sistema de Informações de Visitantes e Estudantes de Intercâmbio. O SEVIS é um sistema computadorizado do Governo dos Estados Unidos que coleta e administra dados e informações sobre os estudantes e visitantes de intercâmbio estrangeiros com visto J1 e F1 durante a permanência destes nos Estados Unidos.

O SEVIS é mantido pelo U.S. Immigration and Customs Enforcement Bureau (ICE antigamente INS) e foi projetado para que os visitantes estrangeiros sigam e cumpram as condições dos vistos deles evitando assim qualquer tentativa de permanência ilegal no país. Através deste sistema, as autoridades de imigrações norte-americanas terão controle sobre as suas datas de entrada e saída dos EUA e dos seus movimentos durante sua permanência no país.

O SEVIS informa ao governo norte-americano onde você vive, onde trabalha e seu estado legal nos EUA. Todos os participantes de programas de intercâmbio têm que se registrar no banco de dados do SEVIS e devem pagar a taxa correspondente ao tipo de programa que irão participar, "antes" de se apresentarem para a entrevista do visto.

Quanto é a taxa de SEVIS?
• Au Pair US$ 35
• Work Program US$ 35
• Career Training US$ 100
• High School US$ 100

O que você precisa para pagar a taxa de SEVIS?

Cada estudante que participa de um de nossos programas, seja este o Au Pair, Work Program EUA, Career Training ou High School recebe um formulário DS-2019 emitido pelo Departamento de Estado dos EUA, que deverá ser levado ao Consulado Americano na data da entrevista do visto. Logo após receber o formulário DS-2019, você deverá acessar o site do SEVIS para fazer o pagamento baseado na informação contida no DS-2019.
Você precisará de um cartão de crédito para pagar a taxa on-line. Você pode usar os cartões:
• Visa
• Mastercard
• American Express
• Também poderá usar um "cartão de débito " com a bandeira Visa ou MasterCard.

Passos a seguir para você fazer o pagamento da taxa SEVIS

Acesse o site do SEVIS:https://www.fmjfee.com/index.jhtml

Escolha a opção Proceed to I-901 Form and Payment

Leia tudo e logo em seguida marque OK embaixo de "DS-2019"
Isto o levará à página de informação principal:
“ Applicant Validation ”

Siga as instruções e preencha os campos NAME, LAST NAME e MIDDLE NAME exatamente como aparecem no seu passaporte! Preencha também com sua data de nascimento (mês/dia/ano)

Em seguida coloque o número do seu formulário DS-2019, que se encontra acima do código de barras na coluna direita

Clique OK Complete as informações solicitadas. Coloque o endereço do seu J1 sponsor que consta no formulário DS-2019.

Ao final você deverá escolher a opção correspondente ao programa em que está inscrito. Suas opções são:
• Trainee
• Student (Se estiver solicitando visto F1)
• Summer work/travel (se você estiver no Work Program EUA)
• Au pair

Ao final da página você lerá:
“I have read the instructions on this form. I understand that I will be sent a receipt for this NON-REFUNDABLE fee. I further understand that this receipt is an important document. It may be needed when applying for a non-immigrant visa, admission at any United States port of entry, change of status, or other United States immigration benefits.”

Aqui você tem três opções a escolher:
“I Accept”, “I Decline”, “Clear Form”.

Depois de aceitar, aparecerá a verificação das informações enviadas. Se tudo estiver correto clique em CONTINUE. Faça o pagamento.

Depois de fazer o pagamento:
Imprima seu recibo e tire uma XEROX dele. Caso você esqueça de imprimir o recibo, não terá como voltar atrás e deverá fazer um novo pagamento e perderá o valor da taxa já paga.

segunda-feira, setembro 25, 2006

A angustia da espera

A minha entrevista no consulado americano será praticamente daqui uma semana, na terça dia 03/10... Sinceramente estou nervoso.
Mesmo já estando com todos os documentos pedidos e já tendo conversado com algumas pessoas que já foram, ainda estou inseguro, pois essa querendo ou não acho que é a entrevista mais importante de todo o programa.
Já contei como foi a minha entrevista na Job Fair, lá foi tudo em inglês, mas a tranquilidade e ar de amizade que a Kim, entrevistadora do Deer Valley, me passou me deixou mais confiante e consegui falar normalmente; espero que aconteça a mesma coisa no consulado.
Fiquei muito contente em saber que todos que fizendo a entrevista no dia 18/09 foram aceitos, aproveito para parabeniza-los, todos os integrantes dos dois onibus de Floripa e tb todos que já conseguiram o almejado visto. Que essa maré de boa sorte continue pra todos nós!!

Um documento muito importante pra entrevista é o DS2019, várias pessoas reclamaram que ainda não receberam. No meu caso já recebi uma imagem scaneada dele para conferir os meus dados e acho que o receberei em mãos amanha. Sem o número desse DS não se consegue pagar a taxa SEVIS com as 96 horas antes da entrevista como requisito pra entrevista e é por isso que muitas pessoas estão reclamando. Diria pra todos que ainda não receberam, pra ficar em cima da agência, tenho sorte do meu agente (Ae Marcos) ser muito gente boa, e mesmo assim fico incomodando ele sobre os documentos, procedimentos e qualquer outra coisa que eu ache necessário... Com dúvidas não se pode ficar.. Isso vai ser alegria e diversão, mas é coisa séria e deve ser feito tudo com atenção e responsabilidade ;)

quinta-feira, setembro 21, 2006

Cuidados antes de embarcar

Por Juliana Kuwano da Gazeta do Povo

Pensar nos detalhes pode fazer a diferença para quem vai embarcar em uma viagem de imersão em novas culturas. A preparação dos estudantes que optam por um intercâmbio no exterior começa na escolha do curso, da escola e do país a ser desbravado, mas não pára por aí. Ainda é preciso reunir todos os documentos, arrumar as malas, fazer um check-list, enfrentar as horas de vôo e estar preparado para não ser pego de surpresa fora do país de origem.

Check-listBagagem - fique atento ao limite de peso oferecido pelas companhias aéreas. Em viagens internacionais são permitidas, por passageiro, duas malas de 32 quilos cada uma. Também é importante identificar a mala com nome, endereço e telefone. Em caso de extravio fica mais fácil localizá-la.

Hospedagem - uma dica é ficar em casa de família, pelo menos no primeiro mês, para facilitar a adaptação. Depois desse período, muito estudantes alugam apartamentos com outros alunos para ter mais privacidade.

Remédios - àqueles exigem receita médica é interessante que esta esteja traduzida e acompanhe a bula. Esses documentos são essenciais na hora de comprar o medicamento no exterior. Outros remédios, desde que em pequena quantidade, não representam problemas.

Cartão de crédito - além de ser um documento é uma alternativa para compras de maior valor e pode ajudar em situações de emergência. Antes de viajar, verifique no banco os procedimentos para solicitar o limite de crédito internacional.

Saúde - a dica é nunca viajar sem um plano de saúde com cobertura internacional. O custo de qualquer atendimento médico no exterior é bem maior do que no Brasil. Além disso, o seguro-saúde é obrigatório em muitos países como nos Estados Unidos e em toda a Europa. Se o estudante já tiver plano de saúde, é indicado verificar se tem abrangência internacional. Caso contrário, as agências de turismo e intercâmbio ou, em alguns casos, as próprias escolas oferecem seguro-saúde para todas as ocasiões, que variam de acordo com o tipo de cobertura e o tempo de permanência.

Documentos - fazer cópia, principalmente do passaporte, pode evitar uma enorme dor de cabeça. Em caso de perda ou roubo do passaporte é preciso fazer um boletim de ocorrência junto às autoridades locais e avisar imediatamente o consulado do país de origem, para que outro documento seja emitido.

Vacinas - alguns países exigem que o viajante esteja vacinado contra determinados tipos de doença. É o caso da vacina contra febre amarela, que deve ser tomada com dez dias de antecedência à viagem. De acordo com o destino, ainda são recomendadas vacinas contra sarampo, tétano e hepatite. A vacinação é feita gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde Municipais ou no Posto Aeroportuário de Curitiba (Aeroporto Internacional Afonso Pena). É preciso ainda realizar a transcrição do Certificado Nacional de Vacinação para o Internacional, feito nos postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Passaporte: - planejar uma viagem de intercâmbio para o exterior inclui atenção aos prazos para a obtenção de todos os documentos obrigatórios. O principal deles é o passaporte, pois é o único documento válido como identificação internacional. Segundo a Superintendência Regional da Polícia Federal do Paraná, o número de passaportes emitidos chega a aumentar 50% nos meses que antecedem o período de férias. Em junho, novembro e dezembro são expedidos, por dia, cerca de 300 passaportes - 100 a mais em relação aos outros meses do ano. O passaporte fica pronto em até 24 horas, mas a recomendação é para que seja feito com 90 dias de antecedência à data do embarque, principalmente, para os estudantes que precisam apresentá-lo para conseguir o visto de permanência.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Um sonho que pode virar pesadelo

por Fábio F. Monteiro do The Immigrant

A vontade de buscar uma vida melhor no exterior pode acabar em dor de cabeça para alguns brasileiros. Algumas empresas que prometem visto de trabalho para brasileiros não estão cumprindo o acordo e muitos perdem um dinheiro que nem têm. Foi o caso do desempregado João Batista Teixeira, 41, morador do bairro São Pedro, em Governador Valadares. Ele teve um prejuízo aproximado de R$ 7.500, fora os gastos que teve com as viagens a São Paulo. A empresa com a qual ele assinou contrato foi a Workusa, que chegou a manter um escritório na cidade para facilitar o contato com valadarenses.

João Batista contou que ficou sabendo da Workusa por meio do cunhado de seu irmão, que teria conseguido o visto para os Estados Unidos. Ele, então, procurou o escritório da empresa, que estava instalado na Galeria Wilson Vaz, e recebeu informações sobre os procedimentos. Segundo o desempregado, a atendente lhe disse que as chances dele ir para o exterior eram de 97%. Ele chegou a questionar a mulher sobre a possibilidade de não conseguir, o que foi descartada por ela. Ao mesmo tempo, ela disse que se por acaso isso acontecesse, os advogados da empresa resolveriam tudo. Na ocasião da inscrição, foram pagos R$ 3 mil.

A entrevista no consulado foi marcada para junho de 2005 e, sete dias antes, João Batista teve que pagar mais R$ 4.500. A viagem, segundo ele, foi por conta própria. Chegando a São Paulo, ele já começou a suspeitar de algo errado. "Cheguei lá e já não gostei do que vi: na empresa tinha umas cinco ou seis pessoas reclamando que não tinham conseguido o visto. Os funcionários nos chamaram e disseram para não ficarmos preocupados, pois isso fora um erro do consulado que não iria se repetir conosco", relatou. Junto com João Batista estavam outras 10 pessoas. Eles foram para a entrevista e, para a surpresa de todos, apenas uma pessoa conseguiu o visto. "Lá eles olharam nossos papéis e negaram dizendo que não tínhamos vínculo nenhum para conseguir visto de trabalho", completou.

Quando aguardava a vez de ser entrevistado, algo chamou a atenção e deixou João Batista preocupado. Um funcionário do consulado começou a conversar com ele e comentou que todos ali podiam ficar preocupados porque a Workusa teria perdido a credibilidade lá dentro. Não era permitida sequer a entrada de alguém da empresa acompanhando os candidatos a visto.
Após a primeira 'derrota', funcionários da Workusa então ofereceram nova chance para João Batista e os outros candidatos tentarem conseguir o tão sonhado visto. Desta vez, eles ofereceram toda a viagem e estada por conta da empresa. O desempregado aguardou o tempo pedido para a empresa (seis meses) para o agendamento de nova entrevista (exigência do consulado), mas ninguém entrou em contato. Ele começou a ligar e sempre o jogavam para outra pessoa, que nunca o atendia corretamente. Depois de 10 dias de tentativa, ele conseguiu falar com um homem de nome Gilmar, que seria o responsável por levar o grupo para o consulado.

A nova entrevista foi marcada para 30 de março deste ano, mas apenas dois dias antes o desempregado ficou sabendo que havia sido adiada novamente. A alegação da Workusa era a de que não havia chegado parte da documentação. Para a surpresa de João Batista, logo em seguida ele foi informado, após ligar novamente para a empresa, que a entrevista seria no dia seguinte, pela manhã. Já era final da tarde e mesmo assim ele correu para a rodoviária, tomou um ônibus e conseguiu chegar. Na fila de espera para a entrevista, ele e uma garota foram chamados à parte, para serem informados que estavam faltando documentos. Funcionários da Workusa negaram a falta deles e disseram para que ele retornasse ao consulado pois iriam entrar em contato para resolver. O contato não foi feito e a entrevista acabou sendo agendada para o dia seguinte.

Na nova entrevista, questionaram o desempregado sobre o que havia mudado em sua condição desde a última entrevista. Ele disse que não tinha nada de novo a falar e novamente teve o visto negado. "Na verdade eles não estavam conseguindo visto para ninguém. Das 11 pessoas que foram desta segunda vez, apenas uma conseguiu o visto também. Aí eu desisti de vez. Fui lá para pedir a rescisão do contrato. Já tinha um monte de gente lá na mesma situação. Fiz a rescisão e me disseram que só receberia em três vezes, a começar dois meses depois. Estou esperando até hoje e nada de receber", contou ele.

O desempregado disse que para poder pagar o exigido pela empresa chegou a pegar dinheiro emprestado com parentes e não sabe como vai poder pagá-los agora. Ele já acionou um advogado, que está ajuizando uma ação de ressarcimento e também de danos morais. "Eles têm condições de pagar, só não o fazem porque não querem", desabafou.

Não é difícil encontrar reclamações contra a Workusa internet afora. Quem é usuário do orkut pode ter acesso a comunidades onde pessoas que se sentiram lesadas pela empresa expõem seus casos e tentam alertar as outras. Duas comunidades foram feitas contra a empresa: 'Eu não fechei com a Workusa' e 'Contra a WorkUSA - Jobsexpress'. Nelas, pessoas do Brasil inteiro, principalmente de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, trocam experiências e informações sobre a empresa.

A Workusa chegou a veicular diversos anúncios em jornais e TV de Governador Valadares. Eles possuem um site, www.workusanet.com.br, mas ele está fora do ar, assim como o www.jobexpress.com.br, também pertencente ao mesmo grupo.

O caso de João Batista não é o único em Governador Valadares. O The Immigrant chegou a contatar algumas pessoas, mas elas preferiram não dar entrevista, até que estejam esgotadas todas as formas legais para recebimento do dinheiro investido.

O sócio-fundador da Workusa, Márcio Ferreira, em contato via e-mail com o The Immigrant, rebateu as acusações feitas contra a empresa. Segundo ele, João Batista pagou R$ 6.538 à empresa e foi apresentado ao consulado, tendo o visto negado. Segundo Márcio, do valor pago pelo desempregado, R$ 3.038 não são reembolsáveis porque são destinados aos "custos do programa, administração, imigração, empregadores, despesas para que a pessoa possa ter o direito de ir ao consulado e ser entrevistado". Ele explicou que, caso tenha o visto negado, o candidato pode ser reapresentado, se interessar. "Mas cabe ao consulado determinar se aceita ou não. Não decidimos nada sozinhos", disse. Ele completou dizendo que vai entrar em contato com João Batista nos próximos dias para que ele possa ser ressarcido do que a empresa acredita que deve.

Márcio disse que a Workusa chegou a Valadares para acabar com o problema das pessoas que eram lesadas por 'coiotes', que cobravam até R$ 30 mil para poder "pular a cerca". "Não estamos aqui para enriquecer e sim para criar oportunidade de trabalho legalmente em outros países. Já mudamos a vida de várias pessoas de GV que estão hoje nos EUA com os devidos vistos e trabalhando legalmente", salientou.

Márcio desprezou as acusações feitas via orkut. Segundo ele, muitos se aproveitam da ferramenta para "abusar, gritar, brigar, etc. Qualquer pessoa pode falar o que quiser na internet e convido você também a ver o nosso orkut: 'Eu amo a workusa.net'". Ele disse ainda que a empresa é pioneira no programa H2B, serviços gerais para os EUA. "Os brasileiros apenas pulavam a cerca e hoje sabem os mecanismos legais para imigrar numa boa para a terra do Tio Sam. Infelizmente não podemos agradar a todos, mas estamos tentando", finalizou.