segunda-feira, setembro 11, 2006

Um sonho que pode virar pesadelo

por Fábio F. Monteiro do The Immigrant

A vontade de buscar uma vida melhor no exterior pode acabar em dor de cabeça para alguns brasileiros. Algumas empresas que prometem visto de trabalho para brasileiros não estão cumprindo o acordo e muitos perdem um dinheiro que nem têm. Foi o caso do desempregado João Batista Teixeira, 41, morador do bairro São Pedro, em Governador Valadares. Ele teve um prejuízo aproximado de R$ 7.500, fora os gastos que teve com as viagens a São Paulo. A empresa com a qual ele assinou contrato foi a Workusa, que chegou a manter um escritório na cidade para facilitar o contato com valadarenses.

João Batista contou que ficou sabendo da Workusa por meio do cunhado de seu irmão, que teria conseguido o visto para os Estados Unidos. Ele, então, procurou o escritório da empresa, que estava instalado na Galeria Wilson Vaz, e recebeu informações sobre os procedimentos. Segundo o desempregado, a atendente lhe disse que as chances dele ir para o exterior eram de 97%. Ele chegou a questionar a mulher sobre a possibilidade de não conseguir, o que foi descartada por ela. Ao mesmo tempo, ela disse que se por acaso isso acontecesse, os advogados da empresa resolveriam tudo. Na ocasião da inscrição, foram pagos R$ 3 mil.

A entrevista no consulado foi marcada para junho de 2005 e, sete dias antes, João Batista teve que pagar mais R$ 4.500. A viagem, segundo ele, foi por conta própria. Chegando a São Paulo, ele já começou a suspeitar de algo errado. "Cheguei lá e já não gostei do que vi: na empresa tinha umas cinco ou seis pessoas reclamando que não tinham conseguido o visto. Os funcionários nos chamaram e disseram para não ficarmos preocupados, pois isso fora um erro do consulado que não iria se repetir conosco", relatou. Junto com João Batista estavam outras 10 pessoas. Eles foram para a entrevista e, para a surpresa de todos, apenas uma pessoa conseguiu o visto. "Lá eles olharam nossos papéis e negaram dizendo que não tínhamos vínculo nenhum para conseguir visto de trabalho", completou.

Quando aguardava a vez de ser entrevistado, algo chamou a atenção e deixou João Batista preocupado. Um funcionário do consulado começou a conversar com ele e comentou que todos ali podiam ficar preocupados porque a Workusa teria perdido a credibilidade lá dentro. Não era permitida sequer a entrada de alguém da empresa acompanhando os candidatos a visto.
Após a primeira 'derrota', funcionários da Workusa então ofereceram nova chance para João Batista e os outros candidatos tentarem conseguir o tão sonhado visto. Desta vez, eles ofereceram toda a viagem e estada por conta da empresa. O desempregado aguardou o tempo pedido para a empresa (seis meses) para o agendamento de nova entrevista (exigência do consulado), mas ninguém entrou em contato. Ele começou a ligar e sempre o jogavam para outra pessoa, que nunca o atendia corretamente. Depois de 10 dias de tentativa, ele conseguiu falar com um homem de nome Gilmar, que seria o responsável por levar o grupo para o consulado.

A nova entrevista foi marcada para 30 de março deste ano, mas apenas dois dias antes o desempregado ficou sabendo que havia sido adiada novamente. A alegação da Workusa era a de que não havia chegado parte da documentação. Para a surpresa de João Batista, logo em seguida ele foi informado, após ligar novamente para a empresa, que a entrevista seria no dia seguinte, pela manhã. Já era final da tarde e mesmo assim ele correu para a rodoviária, tomou um ônibus e conseguiu chegar. Na fila de espera para a entrevista, ele e uma garota foram chamados à parte, para serem informados que estavam faltando documentos. Funcionários da Workusa negaram a falta deles e disseram para que ele retornasse ao consulado pois iriam entrar em contato para resolver. O contato não foi feito e a entrevista acabou sendo agendada para o dia seguinte.

Na nova entrevista, questionaram o desempregado sobre o que havia mudado em sua condição desde a última entrevista. Ele disse que não tinha nada de novo a falar e novamente teve o visto negado. "Na verdade eles não estavam conseguindo visto para ninguém. Das 11 pessoas que foram desta segunda vez, apenas uma conseguiu o visto também. Aí eu desisti de vez. Fui lá para pedir a rescisão do contrato. Já tinha um monte de gente lá na mesma situação. Fiz a rescisão e me disseram que só receberia em três vezes, a começar dois meses depois. Estou esperando até hoje e nada de receber", contou ele.

O desempregado disse que para poder pagar o exigido pela empresa chegou a pegar dinheiro emprestado com parentes e não sabe como vai poder pagá-los agora. Ele já acionou um advogado, que está ajuizando uma ação de ressarcimento e também de danos morais. "Eles têm condições de pagar, só não o fazem porque não querem", desabafou.

Não é difícil encontrar reclamações contra a Workusa internet afora. Quem é usuário do orkut pode ter acesso a comunidades onde pessoas que se sentiram lesadas pela empresa expõem seus casos e tentam alertar as outras. Duas comunidades foram feitas contra a empresa: 'Eu não fechei com a Workusa' e 'Contra a WorkUSA - Jobsexpress'. Nelas, pessoas do Brasil inteiro, principalmente de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, trocam experiências e informações sobre a empresa.

A Workusa chegou a veicular diversos anúncios em jornais e TV de Governador Valadares. Eles possuem um site, www.workusanet.com.br, mas ele está fora do ar, assim como o www.jobexpress.com.br, também pertencente ao mesmo grupo.

O caso de João Batista não é o único em Governador Valadares. O The Immigrant chegou a contatar algumas pessoas, mas elas preferiram não dar entrevista, até que estejam esgotadas todas as formas legais para recebimento do dinheiro investido.

O sócio-fundador da Workusa, Márcio Ferreira, em contato via e-mail com o The Immigrant, rebateu as acusações feitas contra a empresa. Segundo ele, João Batista pagou R$ 6.538 à empresa e foi apresentado ao consulado, tendo o visto negado. Segundo Márcio, do valor pago pelo desempregado, R$ 3.038 não são reembolsáveis porque são destinados aos "custos do programa, administração, imigração, empregadores, despesas para que a pessoa possa ter o direito de ir ao consulado e ser entrevistado". Ele explicou que, caso tenha o visto negado, o candidato pode ser reapresentado, se interessar. "Mas cabe ao consulado determinar se aceita ou não. Não decidimos nada sozinhos", disse. Ele completou dizendo que vai entrar em contato com João Batista nos próximos dias para que ele possa ser ressarcido do que a empresa acredita que deve.

Márcio disse que a Workusa chegou a Valadares para acabar com o problema das pessoas que eram lesadas por 'coiotes', que cobravam até R$ 30 mil para poder "pular a cerca". "Não estamos aqui para enriquecer e sim para criar oportunidade de trabalho legalmente em outros países. Já mudamos a vida de várias pessoas de GV que estão hoje nos EUA com os devidos vistos e trabalhando legalmente", salientou.

Márcio desprezou as acusações feitas via orkut. Segundo ele, muitos se aproveitam da ferramenta para "abusar, gritar, brigar, etc. Qualquer pessoa pode falar o que quiser na internet e convido você também a ver o nosso orkut: 'Eu amo a workusa.net'". Ele disse ainda que a empresa é pioneira no programa H2B, serviços gerais para os EUA. "Os brasileiros apenas pulavam a cerca e hoje sabem os mecanismos legais para imigrar numa boa para a terra do Tio Sam. Infelizmente não podemos agradar a todos, mas estamos tentando", finalizou.

7 comentários:

Anônimo disse...

O assunto da reportagem também também faz parte de nossas vidas. Eu e meu marido também tentamos o visto de trabalho para ele, sonho de conseguir uma profissão em outro país, e infelizmente sofremos o golpe dessa empresa faguta. O que nos indigna é que uma empresa possa não ter cumprido um contrato e sair impune... pois se isso acontecesso conosco, certamente haveria punição...

Jose disse...

fui lesado pelo golpe da orkusa também o valor é de 7.500,00 contratei um advogado a audiência foi marcada para o dia 19/06/07 mas o endereço não foi encontrado.

Anônimo disse...

moro em sao paulo e tambem levei um calote junto com um amigo,se alguem souber o endereco dessa empresa me mande por email. iptrovao@hotmail.com tenho nome RG e CPF do proprietario, vamos nos unir contra esse caloteiro

Unknown disse...

eu gastei 10,990,oo,com a workusa, no programa de trabalho na australia,esperei 3 meses e meio, consegui o visto,457. so que eles da wokusa ainda mandou uma cobrança de 8,411,86 para min pagar. agora pergunto,sera que devo pagar; ou os 10,990,00 cobririam todas as despesas do prosseso,e a passage para vir a australia;apesar de ter conseguido o visto, muitas promessas deles foram enganosas, chegando aqui nao era nada do que prometeu,entao nos eramos um grupo de 12 pessoas, lutamos e conseguimos mudar de empresa.

Anônimo disse...

A empresa ficava n R: Funchal (Vila Olímpia) em um prédio do lado do Santa Aldeia em São Paulo...Só não sei ao certo se aida está localizada neste endereço.

Anônimo disse...

Meu nome é Berenice e também fui lesada, pela Workusa.net,em 2005, em 4.000. Abri processo mas a empresa não foi encontrada em nenhum endereço, por fim desisti do processo pois estava me causando danos mentais muito maiores, pois pensava o tempo todo no dinheiro que havia perdido.Espero que um dia de alguma maneira eles paguem por isso.Tive também a promessa que receberia o valor devolta em 3x, passaram-se 5anos, e nada...

Anônimo disse...

Entrei com processo contraessa empresa e sei que foram presos em UBERLANDIA o dono,MARCOS FERREIRA e o filho LEE,em uma opreração conjunta daS POLICIAS,FEDERAL,CIVIL E MILITARde Uberlandia.
Mais informações entrem em contato com o Delegado do GAECO em Guarulhos.
A prisão da quadrilha foi noticiada na rede Globo,Jornal Nacional,e no CORREIO DE UBERLANDIA,assim como a FOLHA DE SÃO PAULO.
mAIS informações estou a dispor,wesleygreen@netsite.com.br